O site PerformanceCorpoPolítica, pensado pelo Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos (coordenação Bia Medeiros) visa discutir a linguagem artística performance enquanto campo híbrido da arte contemporânea: corpo, coletivo, cidade e política, com o objetivo de gerar reflexão a partir de material fotográfico, videográfico e bibliográfico.
Os debatedores e artistas selecionados pela curadoria dos eventos: Performance, Corpo, Política e Tecnologia (2010. MINC/Petrobrás), Performance, Corpo, Política e Tecnologia do Cerrado (2012. Corpos Informáticos), Performance, Corpo, cidade (2012. FLAAC, UnB) e Performance, Corpo Política (2013. FUNARTE), Performance Participação Política (2015), Performance, Corpo Política (2016. FUNARTE) Performance, Corpo, Política (2018. FAC-DF) e Projeto ACOCORÉ (Arte, COletivos, COnexões e Redes, 2020) visam atender a diversidade teórica e prática no campo da arte contemporânea, em geral, e da performance, em particular (arte da performance e performance como campo híbrido e como campo antropológico e etnográfico). As questões giram em torno de:
1- performance como linguagem artística híbrida.
2- performance como atitude política, isto é, como micropolítica (Foucault), como macropolítica (no campo das artes) e como terceiro incluído.
3- micropolíticas do corpo.
4- trabalho artístico realizado em grupos ou coletivos. As mesas-redondas/debates estão, assim, nomeadas e tratarão os seguintes temas:
Conceito de arte da performance, redes, outras políticas, espaço urbano, relações de poder, arte contemporânea, política, corpo coletivo, dança, novas tecnologias.
Outro objetivo da proposta é o fortalecimento das discussões, das políticas e do acesso a materiais sobre a performance, uma vez que são escassas fontes de pesquisas são lidas sobre esta linguagem no Brasil, fato que já apagou de nossa história recente diversos artistas e manifestações que utilizaram esta linguagem que é por essência efêmera.
A performance se caracteriza como arte efêmera, então, sua necessidade de memória é estrutural para o pensamento atual mas sobretudo para gerações vindouras (memória e pesquisa). Este paradigma é sua própria essência.
Diferentes correntes de pensamento estão representadas para debater performance e corpo, arte e tecnologia; performance e trabalho em grupo; tecnologia como possibilidade de criação de memória; performance em telepresença; dança; vídeo-dança; máquina de dança; cinema e performance; grupos e coletivos; ciberfeminismo; performance e composição urbana; artivismo; decolonial, questões de gênero.
O proponente, o Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos – GPCI (www.corpos.org), reconhecido CNPq desde 1994, efetua reflexões e práticas relacionadas à performance e pensa a presença das tecnologias digitais frente a um corpo que, jogado na cidade, se re-dimensiona.
A arte contemporânea, em geral, a performance e a dança contemporânea são por essência linguagens artísticas experimentais e efêmeras no campo dos comportamentos pós. Necessita, porém, de maior potência de afeto e entendimento, sobretudo no que diz respeito ao seu confronto com o grande público e com as novas tecnologias digitais de criação e transmissão de som, imagem e movimento.
Com a massificação da internet, outras perspectivas apareceram e atitudes ressurgem. Terreno de combate privilegiado, campo de invenção político-social extremamente fecundo e possibilidades de desmassificação crescente. Mas este suporte para as comunicações sociais é constantemente assediado com modelos e parâmetros colocados pela indústria cultural, o que nos leva a perguntar: até que ponto esse espaço virtual contempla somente as demandas impostas pela sociedade do consumo? E a finalidade deste espaço seria única e exclusivamente a de atender ao conceito maior e imutável do capitalismo, ou seja, o lucro?
A escassez de materiais e de manifestações espontâneas no contexto das cidades contribui para uma crescente especialização do circuito artístico. Por um lado, o desejo maior é o que nos querem vender: desejamos uma produção ininterrupta e insensata ou ainda, uma velocidade e exuberância em cada produção artística. Essa atitude megalomaníaca vem no percalço das superproduções estrangeiras do cinema, da televisão, da internet e da publicidade. Nestes espaços rígidos e conservadores o corpo é apresentado sempre carregado de conotações e nunca é o corpo vivo contraditório presente em nosso cotidiano. Ele, aí, não é mais o lugar da verdade subversiva do desejo. O corpo na publicidade não é nem carne nem sexo, mas objeto transformado em signo, com uma função de troca.
Acreditamos ser esse um desejo demente e gerador de problemas, isso porque retira do sujeito singular a possibilidade de se estruturar como eu, por retirar do sujeito sua singularidade. Ele deseja pouco porque assim quer a publicidade. Um desejo descartável e superficial que logo se torna obsoleto. Na instância micro-político essa exploração industrial gera a homogeneização dos desejos e dos hábitos e conseqüente homogeneização da cultura e do pensamento na instância macro-político.
Com a massificação da internet, outras perspectivas apareceram e atitudes ressurgem. Terreno de combate privilegiado, campo de invenção político-social extremamente fecundo e possibilidades de desmassificação crescente (youtube, vimeo, entre outros invadem os campos que antes pertenciam à televisão). Mas este novo suporte para as comunicações sociais é constantemente assediado com modelos e parâmetros colocados pela indústria cultural, o que nos leva a perguntar: até que ponto esse espaço virtual contempla somente as demandas impostas pela sociedade do consumo? E a finalidade deste espaço será única e exclusivamente a de atender ao conceito maior e imutável do capitalismo, ou seja, o lucro?
Hoje, é como se o consumo, sincronizando o eu, tornando cada eu similar, o adotasse, anulando, consequentemente, o nós, e “criando um agente” (STIEGLER, Bernard. Amar, nos amar, se amar, Paris: Galilée, 2003. Tradução e organização: Maria Beatriz de Medeiros). A evolução técnica gera desequilíbrio, mas quando esse desequilíbrio está associado à perda da individuação, o desajuste pode atingir um limite, e esse limite pode impossibilitar o futuro (avenir). Stiegler chega mesmo a dizer que, se o futuro (avenir) se confundir com o devir (devenir), o “fim dos tempos” pode ser uma possibilidade.
Ilya Prigogine (Temps à devenir. A propôs de l’histoire du temps. Paris: Les Grandes conférences, 1994, p. 29), de outra forma, também fala dessa compreensão do tempo e do mundo e dos seres vivos: “[...] O não-equilíbrio é a via mais extraordinária que a natureza inventou para coordenar fenômenos, para tornar fenômenos complexos possíveis”.
Entre esses fenômenos complexos, Prigogine cita o ser vivo, cuja vida só é possível devido a ritmos, todos eles “longe do equilíbrio”. Complexidade, não-unicidade, múltiplas forças, muitos aspectos (Wittgenstein), tudo em inter-relação e em movimento. Isso se faz necessário para que haja vida. A sincronia, a homogeneização é perigosa. Aí não há movimento, agenciamentos, como fizeram ver Gilles Deleuze e Félix Guattari. O que há é um nós-rebanho, como nos advertiu Nietzsche.
Os corpos-desejo-de-fato desejam outros vivos, no vivo e/ou ao vivo, de algum ponto qualquer da rede, eles nos desejam.
Organizar este site sobre Performance: corpo, política e tecnologia permite reunir pensadores e artistas de grande parte do Brasil e do exterior, pensadores e artistas esparsos, ainda que, por vezes, em grupos ou coletivos. Desta reunião resulta debate, divulgação, maior entendimento desta linguagem artística e sua função política.
corpos.org
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